31.12.10

the end

o fim do ano é como o fim de uma história qualquer - um filme, um livro, um relato.
mas por ser a nossa história, a gente quer muito que ela acabe bem.

daí essa ânsia em ser super feliz, como se desses últimos dias dependesse todo nosso legado.

todo mundo quer se encontrar, comemorar, comprar, resolver.
encerrar a lista de pendências para começar uma nova história do zero.

é como se o fim determinasse o tom da história toda.
e ninguém quer que a sua seja um drama - mesmo que para isso seja encenado um final artificial, clichê por clichê.

o que não se dá conta é que é no dia-a-dia que se faz uma boa história.
se o recheio for interessante, o final pode ser totalmente irrelevante.

um ótimo 2011 para todos nós!

13.12.10

criatividade

Este é o original do Quintana: 

Seiscentos e sessente e seis

A vida é um desses deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas: há tempo...
Quando se vê, já é sexta-feira...
Quando se vê, passaram sessenta anos...
Agora, é tarde demais para ser reprovado...
E se me dessem - um dia - uma outra oportunidade,

eu nem olhava o relógio,
seguia sempre, sempre em frente...

E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.

Este é o mutante encontrado no site "Pensador", do UOL:

O tempo

A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando de vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas...
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo...
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.

Repare que nem mesmo o título foi preservado.
Enquanto a poesia com pedigree conta com a bagagem e a emoção do leitor para preencher as lacunas, a edição popular direciona a interpretação, facilitando a vida do leitor de ppt.

Acho linda essa cultura colaborativa que vivemos.
Mas sou xiita no que diz respeito às grandes obras.
Deixem meus amores em paz.

E brindem sua criatividade com a assinatura de seu próprio nome.

processo

eu sei ser infeliz sozinha.
eu sei ser infeliz acompanhada.

mas tenho em mim vontades que mal cabem em mim.
rascunhos alheios à minha realidade pela falta de cúmplices.

que vida incrível é essa do outro lado da vitrine.

eu pensava que na hora certa tudo aconteceria naturalmente.
e que os bailes e as festas e as aventuras se apresentariam humildemente à minha porta.
sortidos de amigos, amores, velhos estranhos e novos desconhecidos.

juntos seguiríamos a largos passos, grandes goles e pouco raciocínio.

zeus riu.

hoje tenho a angústia pulsando no peito e a cara colada no vidro.
pois eu não queria nada e tudo estava bem.
agora eu quero algo e tudo é frustração.

mas acho que posso enfim aprender a ser diferente.
talvez eu possa cometer meus crimes sozinha.

aberta a todas as possibilidades que a falta de expectativas pode proporcionar:
quem sabe eu possa ser feliz sozinha.