Juro, já senti tanta raiva de Glade que torci para que suas vendas caíssem, que os consumidores repudiassem a marca, que o produto encalhasse nas gôndolas. Não tenho informações sobre seu desempenho, mas acabei me acostumando com o Pedrinho e tento pensar em outras coisas quando ele aparece, ignorando o mau-gosto da coisa toda.
Apesar de sua infindável chatice, entretanto, o moleque Pedrinho é inofensivo. Diferentemente do Asteróide Pallas, da Citröen, que deixou muita gente preocupada de verdade. Pesquisando sobre a *surpreendente* ação de buzz marketing, encontrei relatos de pais de família em pânico, sem saber como acalmar esposa e filhos. Gente querendo processar a Citröen, devido ao grande transtorno que causou nos desavisados. E principalmente, muita gente repudiando o tal veículo antes mesmo de seu lançamento. Cool.
Eu mesma tive o primeiro contato com a nota através de um email reencaminhado, alertando sobre o fim do mundo no próximo julho, e só então fui pesquisar a tal rota de colisão do asteróide.
Acontece que as pessoas que não estão por dentro das novas tendências de comunicação não têm o hábito de, ao topar com notícias sensacionalistas, pensar duas vezes e tentar descobrir o anunciante. E quando descobrem que foram enganadas, obviamente sentem-se desrespeitadas.
Acho estranho veículos supostamente sérios como Estadão e Uol veicularem esse tipo de publicidade, submetendo seus leitores a um anúncio que, além de se fazer passar por notícia, traz consigo um conteúdo tão polêmico.
Mais estranho ainda, na minha opinião, é a Citröen associar seu lançamento a um fato tão catastrófico, que anuncia o fim da vida na terra. Mesmo que seja apenas uma pegadinha.
Dando uma olhada na regulamentação do Conar, podemos encontrar vários artigos condenando a iniciativa.
Artigo 23 - Os anúncios devem ser realizados de forma a não abusar da confiança do consumidor, não explorar sua falta de experiência ou de conhecimento e não se beneficiar de sua credulidade.
Artigo 24 - Os anúncios não devem apoiar-se no medo sem que haja motivo socialmente relevante ou razão plausível.
Artigo 27 - O anúncio deve conter uma apresentação verdadeira do produto oferecido, conforme disposto nos artigos seguintes desta Seção, onde estão enumerados alguns aspectos que merecem especial atenção.
Artigo 28 - O anúncio deve ser claramente distinguido como tal, seja qual for a sua forma ou seu meio de veiculação.
Artigo 30 - A peça jornalística sob forma de reportagem, artigo, nota, texto-legenda ou qualquer outra que se veicule mediante pagamento, deve ser apropriadamente identificada para que se distingua das matérias editoriais e não confunda o Consumidor.
O pior é pensar que precisou da aprovação de umas 8 pessoas entre agência e cliente para isso chegar ao consumidor.
Será que ninguém mais confia que seu produto irá se destacar simplesmente porque é bom?

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