29.9.06

Substituíveis

Antes de amaldiçoar a companhia aérea que extraviou sua bagagem, lembre-se que poderia ser pior. Voce poderia ser separada acidentalmente de seu cérebro na volta de uma viagem. Como eu sei?

- Acordei atrasada depois do feriado e tinha terapia cedinho. Sem querer pular o café da manhã, inventei uma estratégia: peguei uma garrafa de leite que continha só um restinho da bebida, misturei com chocolate e coloquei na bolsa. Embrulhei também um pedaço de pão e as habituais frutas.

No táxi, a caminho do consultório, fiquei com muita vontade dar um golinho no leite. Hum, bom… Será que vai mais um? Mas se o sinal abrir vou me lavar.
Acho que não vai dar tempo. Glup. Chuá.

Ok, a roupa da ginástica estava na bolsa, consegui me secar. Idiota.

Depois da terapia, fui caminhando para o trabalho e comecei a sentir a perna úmida. Olhei para cima, procurando goteira, mas era a minha bolsa que estava pingando.

A GARRAFA ABRIU LA DENTRO.

E não acabou. Embrulhei as roupas lactas numa sacola para tratar disso em casa. Mas não tive saco para fazer isso na mesma noite, estava muito cansada.

Resultado: as roupas emboloraram. Argh.

- A tal oficina de minicontos, para a qual me inscrevi e estava ansiosa para participar.

Me preparei, separei um caderninho, estojo com lápis, borracha, caneta.
Acordei cedinho no sábado e fui-me toda pimpã para fazer melhor uso das letrinhas.

Em cima da hora, como sempre, desci do táxi correndo e entrei no local, estranhando a falta de movimentação, pessoas, carros. É certo que estou atrasada, para variar.

Perguntei para o segurança se não havia alguém, alguma recepcionista para me atender. Apareceu uma moça, solícita, mas claramente estranhando a minha presença.

A oficina já começou? Estou atrasada? Vim para a oficina de minicontos!

- A oficina da semana que vem?



Agora vou ver se arranjo uma peruca para me disfarçar no próximo sábado.



Roupas você compra novas no shopping. Quero ver se virar sem cérebro.

5.9.06

The Good Life

When I look in the mirror, I can′t believe what I see
Tell me, who′s that funky dude, staring back at me?
Broken, beaten down can′t even get around
Without an old-man cane, I fall and hit the ground
Shivering in the cold, I′m bitter and alone

Excuse the bitchin, I shouldn′t complain
I should have no feeling, ′cause feeling is pain
As everything I need, is denied me
And everything i want, is taken away from me
But who do I got to blame? Nobody but me

...And I don′t wanna be an old man anymore
It′s been a year or two since I was out on the floor
Shakin′ booty, makin′ sweet love all the night
It′s time I got back to the Good Life
It′s time i got back, it′s time i got back
And I don′t even know how I got off the track
I wanna go back... Yeah!

Screw this crap, I′ve had it! I ain′t no Mr. Cool
I′m a pig, I′m a dog, so ′scuse me if I drool
I ain′t gonna hurt nobody, ain′t gonna ′cause a scene
I just need to admit that I want sugar in my tea
Hear me? Hear me? I want sugar in my tea!

...And I don′t wanna be an old man anymore
It′s been a year or two since I was out on the floor
Shakin′ booty, makin′ sweet love all the night
It′s time I got back to the Good Life
It′s time i got back, it′s time i got back
And I don′t even know how I got off the track
I wanna go back... Yeah!

I want to go back, I want to go back
And I don′t even know how I got off the track
It′s time i got back, it′s time i got back
And I don′t even know how I got off the track
I want to go back... Yeah!

...And I don′t wanna be an old man anymore
It′s been a year or two since I was out on the floor
Shakin′ booty, makin′ sweet love all the night
It′s time I got back to the Good Life
It′s time i got back, it′s time i got back
and I don′t even know how I got off the track
I wanna go back... Yeah!

(by Weezer)

20.8.06

Desafio

É muito mais fácil acostumar que desacostumar. E agora?

But my parents love me. They keep photos of me. Thats enough love for me.

18.8.06

Quem fica

Hoje em dia só se fala sobre a Varig – a crise da Varig, a dívida da Varig, os funcionários da Varig... E as outras companhias, ninguém se importa em saber como elas andam?

Pois eu me importo, e vou aqui abrir um espaço exclusivo para saber o que elas têm a dizer:

GOL – Antes de qualquer coisa, gostaria de esclarecer que sou na verdade Napoleão Bonaparte.

TAM – E eu, só atendo agora por Joana D‘Arc. Aceita um amendoim?

ANA – Ah, tá. Agora tá explicado porque um vôo POA-SAO-POA tá custando mais de R$2.000,00.

Só gostaria de registrar que esses seus preços “fora da casinha” estão inviabilizando meu relacionamento. Sim, só podem ser vocês as culpadas.

7.7.06

Vamos também, babe?

McCartney e Ringo prestigiam Cirque du Soleil em Las Vegas

Os ex–Beatles Paul McCartney e Ringo Starr se reencontraram em Las Vegas (Nevada, EUA), no último final de semana, para prestigiar a estréia do musical “Love”, dedicado pelo Cirque du Soleil às canções da banda de Liverpool.

Além de Paul McCartney e Ringo, estavam também a viúva de John Lennon, Yoko Ono, e de George Harrison, Olivia, além da primeira mulher de John, Cynthia, acompanhada do filho do casal, Julian.

O espetáculo, no hotel Mirage, um dos maiores da cidade, mostra alguns dos principais personagens das canções dos Beatles, como Lady Madonna, Eleanor Rigby, Sargent Pepper′s.

O show foi possível graças a um acordo entre George Harrison e Guy Laliberté, fundador do Cirque du Soleil, que são amigos próximos. Esta é a primeira vez que a Apple Records, gravadora dos Beatles, aceita emprestar uma música para um espetáculo.

(Folha de São Paulo)

2.7.06

Timing

Se eu fosse certos anunciantes que estão usando os jogadores da seleção brasileira em suas campanhas, me apressaria em tirá–las do ar. Tá pegando mal.

1.7.06

Os ladrilhos estão quebrados e o gelo derreteu.

Esta é a frase de um biscoito da sorte que encontrei sobre o teclado do meu computador, ao sentar para escrever sobre o jogo onde o Brasil foi eliminado da Copa do Mundo. Não sei o que ela significa, assim como não sei o que sigificou essa partida ridícula.

Desde o início da Copa, ouvi muita gente dizendo que iria torcer contra a Seleção, que o time não deveria ganhar. Havia muitas outras seleções boas por aí e o Brasil não poderia reinar absoluto para todo o sempre. Há coisas mais importantes para se cuidar no país.

Apesar de concordar com tudo isso, discordava da parte de que o Brasil não merecia o título. Afinal, nossos jogadores são reconhecidos mundialmente por seu talento e técnica. Muito antes da Copa, recebíamos por email, de tempos em tempos, vídeos e clips de apresentações impressionantes de Ronaldinho e companhia. Suas atuações em seus clubes eram sempre impecáveis.

Com o decorrer da Copa, entretanto, o favoritismo foi se apagando minuto a minuto, com as vitórias magras e o futebol que não se concretizava. O time nunca passou da promessa.

Sofri com o jogo, claro, mas fiquei mais emocionada tanto com a vitória de Portugal quanto com a eliminação da Inglaterra. Não me pergunte.

Agora, o que eu queria mesmo, era ser uma mosquinha para estar entre o grupo nesse pós–derrota. Queria ouvir sobre o que eles estão falando; se estão discutindo sua atuação ou falando amenidades, programando o próximo pagode ou a próxima aquisição.

Saí para comprar água após o jogo e fui passando pelos bares daqui da minha rua. Pouca gente, mas os comentários ainda eram todos análises decepcionadas e irritadas sobre o acontecido.

“Daí o Parreira coloca o Cafu, que é um porongo...”

“Agora o jeito é trabalhar para ganhar a vida.”

E outras várias frases das quais só ouvi trechos, mas que repetiam esses nomes tão populares para todos nós. Ronaldo, Robinho, Kaka, Roberto Carlos...

Mas o que será que a França tem, afinal, que paralisa o Brasil? Final de 98 all over again?

Sei que o futebol é a paixão nacional mas, na minha opinião, faltam motivos mais sólidos para os brasileiros se orgulharem de seu país. Tomara que isso seja percebido, ocasionalmente.

10.5.06

Troubles in Paradise

I feel like a mistress
Love you can′t tell
Waiting for crumbs
In a smelly hotel

The bed doesn′t rock
The phone doesn′t ring
There′s someone out there
But no one in here

If I knew where to go
If I knew what to do
I might take over life
I might get over you

9.5.06

Statement

Antes que me proíbam a ironia prefiro que me tirem um rim.

Aquela que se avizinha

A janela do quarto onde fica o meu computador dá para o vão do prédio, com vista para as janelas dos apartamentos do outro lado.

A maior parte do tempo as persianas daqui ficam fechadas para garantir a minha privacidade, pois é neste quarto onde ficam minhas roupas.

Em uma das vezes em que estavam abertas, eu vi o habitante do quarto ao lado. Um velhinho bem velhinho, deitado na cama, aparentemente vendo tv. Acho que ele me viu também. Fiquei um pouco envergonhada com a minha intromissão e me afastei.

Nas ocasiões de janela aberta que se seguiram, tornei a ver o velhinho, na mesma posição, ou seja, imóvel. Minha reação sempre foi a de me afastar.

Mas eu me afastava apenas fisicamente, pois em minha cabeça permaneciam por vários momentos a imagem do meu vizinho, me causando constrangimento.

Constrangimento por pensar na velhice, por me deparar com esse estado tão frágil e indefeso em que ela se apresentava para mim. Lembro de uma frase que li certa vez que dizia que “a velhice é a coisa mais inesperada que acontece na vida do sujeito”.

E, inesperadamente, ela estava ali, se mostrando inteira para mim, na forma de um senhor que parecia estar preso àquela cama, dia após dia.

Meu medo então passou a ser o dia em que abrisse a janela e não o visse mais lá. Isso seria o fim, seria o indicativo do que nos espera caso sobrevivamos a todos os testes. Para onde mais poderia aquele velhinho ir, afinal?

Aconteceu ontem. E hoje também. Enquanto eu escrevia, aproveitei para procurar por ele mais uma vez. Ele não está lá, apesar de uma luz fraca no quarto me lembrar uma tv ligada. Será que os companheiros ainda esperam por ele? A tv ligada e a cama arrumada…

Mas não, ele não está mais lá.

7.5.06

Beyond the Sea

i heard there was a secret chord
that david played and it pleased the lord
but you don't really care for music, do you
well it goes like this the fourth, the fifth
the minor fall and the major lift
the baffled king composing hallelujah


A casa é azul. É antiga, com azulejos azuis. Tudo bem, vai pintar de branco. Vamos começar do zero.

Não vai pintar. A casa é azul, ele gosta assim. Ela o lembra a idade de seu espírito, ela pertence à época em que viveu em sonhos.

Ela olha, ela cheira, ela dança, ela geme, ela se isola em seu próprio tempo. Ela é assim, como deve mesmo ser.

Ele caminha submerso por seus cômodos.

hallelujah...

well your faith was strong but you needed proof
you saw her bathing on the roof
her beauty and the moonlight overthrew you
she tied you to her kitchen chair
she broke your throne and she cut your hair
and from your lips she drew the hallelujah


Ele tem quatro panelas. Não é muito hábil com elas, mas elas são pacientes com ele. Olham para ele condescendentes.

Sabem que são as protagonistas de suas horas felizes. Sabem que se esforça para não fazer feio, ainda que não chegue perto do talento de quem as manejou antes dele.

Quando está submerso em meio a elas não escuta o tempo ranger no relógio vagabundo que comprou na promoção. Ele parece querer ajudar, fazendo silêncio para a sua concentração.


Pia


hallelujah...

baby i've been here before
i've seen this room and i've walked this floor
i used to live alone before i knew you
i've seen your flag on the marble arch
but love is not a victory march
it's a cold and it's a broken hallelujah


Fez um jantar grandioso. Se não com pratos sofisticados, usando todas as quatro panelas de uma só vez. Seria essa a hora de ser punido por tanta pretenção.

Mais tivera, mais usara, enfim. Cortou, picou, refogou, cozinhou, ralou, escaldou, temperou. Lavou para reusar. Secas no próprio fogo que transformava os ingredientes e perfumava o aquário úmido.

Usou toda a sua concentração e se atrapalhou muitas vezes. Mas criou todos os courses. Exceto a sobremesa, pois de doce lhe bastava o momento.

hallelujah...

well there was a time when you let me know
what's really going on below
but now you never show that to me do you
but remember when i moved in you
and the holy dove was moving too
and every breath we drew was hallelujah


Ninguém estava lá. Ninguém provou de seu esforço. Amor dissipado em várias pequenas refeições que se seguiram pelo fim de semana, até acabar em sobras sem graça dentro de tupperwares na geladeira.

Ele tinha alguém em pensamento, seu amor tinha destinatário. Seu jantar tinha um convidado.

Que não estava lá.


Amor


well, maybe there's a god above
but all i've ever learned from love
was how to shoot somebody who outdrew you
it's not a cry that you hear at night
it's not somebody who's seen the light
it's a cold and it's a broken hallelujah

hallelujah...


O amor foi preparado, cozido, consumido, dispensado, lavado e guardado em serena solidão.

No aquário, os peixes de mares antigos e as algas lânguidas movimentam-se com apática lentidão.

TPM - Destructive Thinking

Chocolate e rompimento.

3.4.06

Aqui na terra tão jogando futebol

Tirei umas fotos hoje para fazer lembrar. Imagens de Porto Alegre aos pedaços, da janela do lotação.

Vista2

As manifestações e militares de sempre em frente ao Palácio Piratini.


Vista4

Sobre o viaduto, rumo à Independência.


Vista5

Pessoas atravessando para chegar à Santa Casa.


Vista8

Sol na Independência.


Vista9

Mostardeiro, fim da linha e do post.