30.3.05

Eu ia escrever, mas foram mais rápidos...


ACLAMAÇÃO AO GOOGLE


É graças a vós, ó sábio dos sábios
É graças a vós, oráculo da web
Que eu cito de cor vários alfarrábios
E o resto do mundo, uh, nem percebe
Convosco minha mente nunca dá pow
E ainda consigo tudo que é mulher
À moça que gosta d′As Flores do Mal
Teclo de memória todo o Baudelaire
À mina que posa de setecentista
Recito a obra de Goethe completa
Falou o autor, digito a lista
Como se eu tivesse os livros tête-à-tête!
Já em Economia, não economizo:
Esbanjo pesquisa, desconheço limite
Emito opinião, teço meu juízo
(copypasteando, óbvio, Adam Smith)
Política? Googleio incontinenti
Downlodeio excertos à revelia
Torno-me erudito em qualquer frente:
Neo-liberalismo ou social-democracia!
Com vossas ferramentas de idiomas
Faço bonito em linguajares alheios
Traduzo na hora Dante, Poe, Dylan Thomas
Trechos inteiros do Canterbury Tales
Ressuscito inclusive as línguas mortas
E os idiomas onde acento é trema
Estrangeirizo certo por linhas tortas
Até mesmo nos versos deste poema!
A vós ergueremos a Torre de Babel
Oraremos, para que a glória assome:
Google nosso, que estais no céu
Favoritado seja vos.

Nelson Moraes

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