30.3.05

Eu ia escrever, mas foram mais rápidos...


ACLAMAÇÃO AO GOOGLE


É graças a vós, ó sábio dos sábios
É graças a vós, oráculo da web
Que eu cito de cor vários alfarrábios
E o resto do mundo, uh, nem percebe
Convosco minha mente nunca dá pow
E ainda consigo tudo que é mulher
À moça que gosta d′As Flores do Mal
Teclo de memória todo o Baudelaire
À mina que posa de setecentista
Recito a obra de Goethe completa
Falou o autor, digito a lista
Como se eu tivesse os livros tête-à-tête!
Já em Economia, não economizo:
Esbanjo pesquisa, desconheço limite
Emito opinião, teço meu juízo
(copypasteando, óbvio, Adam Smith)
Política? Googleio incontinenti
Downlodeio excertos à revelia
Torno-me erudito em qualquer frente:
Neo-liberalismo ou social-democracia!
Com vossas ferramentas de idiomas
Faço bonito em linguajares alheios
Traduzo na hora Dante, Poe, Dylan Thomas
Trechos inteiros do Canterbury Tales
Ressuscito inclusive as línguas mortas
E os idiomas onde acento é trema
Estrangeirizo certo por linhas tortas
Até mesmo nos versos deste poema!
A vós ergueremos a Torre de Babel
Oraremos, para que a glória assome:
Google nosso, que estais no céu
Favoritado seja vos.

Nelson Moraes

22.3.05

Há um mundo muito melhor

Mas a gente não pode pagar por ele.



Ilhas Seychelles - Lémuria Resort of Praslin

sey_06[1]

Paraíso preservado na costa africana, as Seychelles são as únicas ilhas oceânicas e graníticas do mundo, com a floresta mais antiga que existe.

Diz a lenda que quando os continentes separaram-se, um pequeno pedaço do antigo éden sobreviveu. Acredita-se que a Lémuria seria um continente perdido, submerso, tal como a Atlântida.

As ilhas fazem juz à lenda e o resort faz juz às Ilhas. Vejam no site. Suítes a partir de 428 euros. Para sonhar toda noite.



A gente descobre essas coisas trabalhando, fazendo job para Beach Park. E não consegue ir a nenhum dos dois...

18.3.05

Decassílabos

Nunca, nunca quero voltar atrás
Olhar para frente mesmo que a visão
Desafie todos os meus sentidos.

Os olhos doendo, ardendo, sabendo
Que nem mesmo o benefício do pranto,
Vão, pode-se ainda sequer contar.

Vazias, seguem tateando nada
Mãos insensíveis à rocha, ao grão, chão
Não hão de segurar o que não sentem.

Não há cheiro nenhum ao meu redor.
Bom, ruim, doce, amargo, forte ou fraco
Nada com algum significado.

Tudo o que escuto me parece estranho
Contra mim ouço todos conspirando
Lamento, o choro me põe a dormir.

Sigo engolindo como naufragado
Cada experiência, um gosto salgado
Corto a língua, e diferença não faz.

Azar. Nunca, nunca voltar atrás.

15.3.05

Yada

Têm sido dias estranhos. Meu motivo foi rapidamente descoberto por um colega acostumado com o problema. Casado há eras, olhou para mim e atirou: TPM. Às vezes eu esqueço que sou mulher, fazer o quê...

Humores & hormônios

Mas os dias não têm sido estranhos só para mim. No trabalho, muitos estão reclamando de alguma coisa, seja prazo, seja trato, seja grana. Os ânimos se alteram, faíscas cruzam o ar acima dos computadores, emails irritados percorrem as caixas postais.

Machos menstruados

O que tem de homem de TPM por aí não é normal. E sem os hormônios, o que torna a situação mais difícil de ser explicada. Tudo bem. Somos todos suscetíveis a ficar irritados com algum assunto específico, ou com nenhum em especial. Não depende do sexo. Ou até depende, if you know what I mean.

Energia negativa

Com tudo isso pelo ar, não pude estranhar a tendência atual dos visitantes deste sítio. 50% deles chegam aqui realmente procurando por “parada cardíaca”, através do Google (Ave, Ave!) ou afins.

Abuso da metalinguagem

Em primeiro lugar, imagino quantas pessoas por dia se decepcionam, já que por aqui o máximo que elas podem encontrar a respeito de medicina ou saúde são relatos hipocondríacos.

Em segundo, aff, mas o que tanto as pessoas querem saber a respeito de problemas cardíacos? Nenhum jogador de futebol morreu recentemente, que eu saiba.

Em todo caso, acho que é uma situação nacional.

Que merda. Vou ter de espinafrar algum texto depois disso.

Festa na Agência

É óbvio que me pegaram rondando a mesa.

hungry

8.3.05

Ô, inferno!

Tô suando meus pecados esta semana.

Ni!

Muito tempo atrás, quando eu comecei a descobrir os blogs e seus semelhantes, viciei-me em um site escrito por três garotas paulistas que tinham uma certa predileção pela década de 80. E muito boa memória, também!

A melhor parte da história é que elas disponibilizavam 3 textos por dia para os ávidos leitores, destacando-se de alguns autores que escrevem semana sim semana não. Eu não perdia um e geralmente escrevia para elas elogiando e dizendo como me identificava com aquilo. Eu e a torcida do Grêmio, aparentemente. Mas era muito legal, mesmo.

Com o tempo (ou melhor, sem ele) fui parando de ler. Abandonei vários costumes e esse foi um deles. É chato como às vezes uma coisa que nem te toma tanto tempo acaba virando luxo.

Até hoje de manhã. Entre um job e outro lembrei das garotas e fui visitá-las. Li uma coisa tão boa e engraçada que tive de me segurar para não rir alto por aqui.

Não sei como está o resto do site; parece que muita coisa andou acontecendo com as três. Mas aparentemente os textos produzidos por lá têm melhorado cada vez mais.

Leiam o texto de ontem, 7/3, sobre Deus. É o tipo de coisa que eu gostaria de ter escrito se pudesse. Como não posso, elogio e recomendo mesmo. Vão lá.

Se não fosse por isso, aliás, só pelo fato de serem batizadas after um filme do Monty Python, as Garotas que Dizem Ni já mereceriam a visita.

24.2.05

ATENÇÃO TODOS OS PEDESTRES

Se vocês estiverem experimentando qualquer problema para atravessar a rua, esperem até que eu passe com meu táxi de manhã. É certo que, nessa ocasião, meu taxista vai parar e esperar todos vocês passarem, com toda calma do mundo. Afinal de contas, eu nunca estou atrasada e dinheiro não é problema.

Não me entendam mal, eu sou super a favor de se dar passagem aos pedestres. Eu sou pedestre, after all! Mas eu tenho o azar de pegar sempre esses caras que são mais que altruístas, são os últimos gentlemen das capitais. O de hoje parou NO MEIO do cruzamento, para que alguns velhinhos que estavam parados NA CALÇADA, desses que andam com bengala e tudo, a -3 km/h, passassem. E não foi só isso. Outras pessoas que inicialmente não estavam presentes mas foram chegando também puderam usufruir tamanha bondade. Foi praticamente uma parada comemorativa.

E isso não é uma reclamação a respeito de Porto Alegre. Em São Paulo acontecia a mesma coisa.

Úlcera.

17.2.05

Há! Eu sabia!

"Uma pesquisa inglesa, realizada com mais de mil e quinhentas mulheres que tomam pílula e mil trezentas e poucas que não tomam, demonstrou que as que tomam o anticoncepcional parecem ser mais seletivas em relação aos homens."

(Vi isso no blog da Rosana Hermann, Querido Leitor.)

Alguém aí se lembra do meu comentário pouco antes de vir para Porto Alegre?

16.2.05

Tu fala português?

Acho que as piadas são sobre mim; no entanto, eu não consigo entender o que eles falam nem do que estão rindo. É foda.

TPM é foda.

Voltei a tomar pílula e a TPM veio junto. Estou trabalhando concentradíssima, mas se paro um pouquinho e presto atenção às músicas que estou ouvindo – Los Hermanos – o resultado são olhos úmidos.

Correndo o risco de ser redundante, TPM é foda.

Já que o período é de seca, acho que vou cortar de novo essa bosta de pílula.

Humpf.

14.2.05

Fome

A todo lugar que eu vou aqui em Porto Alegre parecem estar as mesmas pessoas. Já me disseram que o semi-anonimato nesta sociedade é impossível. Talita, sei que você estava acostumada com a fartura de São Paulo, então pode ir se preparando.

Temos um longo período de seca pela frente.

4.2.05

I say...

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TAKE ME OUT

If you're lonely, you know I'm here waiting for you. I'm just a crosshair, just a shot away from you; but if you leave here, you leave me broken, shattered, I lie. We´re just a crosshair, just a shot, then we can die.

I know I won´t be leaving here with you.

Dia de Sol

A pessoa que está me hospedando aqui em Porto Alegre tem que chegar bem cedo na agência. E eu venho junto com ela, já que não sei quase nada sobre a cidade ainda.

Juro que não tenho ido dormir tarde, na medida do possível. Mas mesmo assim, já são 11 horas da manhã e o organismo não entendeu que de nada adianta ficar nesse estado letárgico. É o terceiro dia consecutivo, pôxa! Sigo lutando contra meus próprios olhos, que pesam toneladas pela manhã.

Por esses motivos, acabei de tomar o primeiro café neste novo emprego. Foi bom. Pequenas coisas do dia-a-dia de uma agência que você nem imagina fazer qualquer diferença trazem sorrisos tímidos, quase internos, a alguém que passou cerca de três meses vendo a vida pela tv, acomodada em sofá bem confortável.

Arrumei a mesa, joguei fora antigos papéis que não me pertenciam, passei um pano para tirar a poeira, arrumei os rafiators embaixo do teclado. Perguntei se alguém precisava de rafiators, recebi olhares confusos como resposta, mas já imaginava.

Nem sempre a gente entende as expressões (lingüísticas e corporais) uns dos outros, e quando o humor está bom, isso pode ser bem legal.

Ontem não pude sair para almoçar, então pedi uma salada para comer aqui mesmo. Já era tarde e as pessoas estavam voltando do break. Ofereci a salada, perguntando se estavam servidos, e eles responderam em uníssono: “sim”. Achei estranho, esperei alguém se aproximar para aceitar, mas ninguém se mexeu. Cheguei à conclusão que “sim”, no caso, significava “não”. Foi engraçado.

Meu ritmo, em todos os sentidos, ainda não voltou ao normal. Aos poucos vou me acostumando. É ruim estar em um lugar onde ninguém conhece você. Ao mesmo tempo, é ótimo pensar na quantidade de pessoas que há para conhecer.

Mas, de tudo o que já me aconteceu desde que deixei São Paulo, o que mais me trouxe a sensação de trabalho foi aquele café. Quente, forte, posando ao lado do teclado, ele pôs fim a um período estranho da minha vida.

E, mesmo que um período ainda mais estranho comece, será uma nova história para contar.

Roda Viva

Porto Alegre, agora. Mas já passou São Paulo, Rio de Janeiro, Assis, Guarapuava, Ilha do Mel, tantos portos... E amanhã vou para o Rio de novo sem nem ter contado as histórias que prometi. O tempo às vezes é curto demais. Mas não para encontrar quem a gente precisa.


Autofoto

Vanina, Marcelo & eu, novembro, Rio de Janeiro.